Lesma-do-mar incorpora genes de alga para conseguir fazer fotossíntese
Trata-se de um exemplo raro de transferência de genes entre espécies.
Entender mecanismo pode ajudar no desenvolvimento de terapia genética.
Lesma do mar Elysia chlorotica consegue fazer fotossíntese como se fosse uma planta (Foto: Patrick Krug/Divulgação )
A lesma-do-mar Elysia chlorotica se parece com uma folha por
causa da intensa cor verde e formato característico. Ao investigar como o
molusco consegue viver por até nove meses "alimentando-se" só de luz
solar, cientistas descobriram que as características comuns entre a
lesma e as plantas não se limitam à aparência folhosa: seu DNA contém um
gene da alga Vaucheria litorea que permite que o animal faça fotossíntese.Cientistas descobriram que isso só é possível graças à presença de um gene de alga no DNA da lesma. "Esse trabalho confirma que um dos vários genes de alga necessários para reparar os danos aos cloroplastos e mantê-los funcionando está presente no cromossomo da lesma", diz um dos autores do estudo, Sidney K. Pierce, professor emérito da Universidade do Sul da Flórida e da Universidade de Maryland.
"O gene é incorporado ao cromossomo da lesma e transmitido para a próxima geração de lesmas", diz Pierce. As próximas gerações de lesma continuam tendo de "roubar" cloroplastos de novas algas para fazerem fotossíntese, mas já têm o gene necessário para fazê-los funcionar por um bom tempo.
Terapia genética
Este é um dos raros exemplos de transferência de genes de uma espécie para outra. A transferência de genes é o objetivo final da terapia genética, que usaria a estratégia para corrigir defeitos no DNA humano que possam levar a doenças.
Por isso, observar de que forma essa transferência é feita nas lesmas do mar pode ajudar no desenvolvimento de novas formas de terapia genética, segundo cientistas.
"A lesma do mar é um bom modelo biológico para terapia em humanos? Provavelmente não. Mas descobrir o mecanismo dessa transferência de genes que ocorre naturalmente pode ser extremamente instrutivo para aplicações médicas futuras", diz Pierce.
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